19/01/2015

Apanhador de memórias

Quando penso no tempo enorme,
Que consome cada gota de mim,
Espero que em você não se forme,
O início de um breve fim.
Penso em como as pessoas se cruzam,
E como podem prever as ações,
De como se amam se usam,
Mas se esquecem por diversas razões.

As vezes o tempo parecia um segundo,
Tão passageiro, tão intenso, tão só,
Outras horas era um congelado mundo,
Bonito, intenso, mas pó.

O vento bateu e levou embora os dias,
Me lembro de contar as semanas após,
Não me vi envolver em boas companhias,
Falava somente e comigo mesmo, a sós.

Lembro de quando, pelas madrugadas,
Dizia coisas tolas pra você sorrir,
Me lembro das horas de sono sagradas,
Que mesmo sem querer deixei de dormir.

As vezes me olho no espelho e reclamo,
Há tanto disso, por todos os lugares,
Não há razão, mas teu nome chamo,
Meus apelos e dúvidas se vão pelos ares.

Olho pra frente, procuro aquela luzinha,
Aquela que tanto dizem haver,
Mas é tão estanho não te ver sozinha,
A distância mais me faz te querer.
Sonhos frequentes, negar seria errado,
Talvez eu não seja o cara que parecia,
Mas parece que você superou o passado,
Livre, leve e solta, que ironia.

Talvez tenha que tomar alguma coragem,
Por míseros segundos, instantes,
Dizer que não queria estar de passagem,
Queria que tudo fosse como antes.

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O que é o poeta sem inspiração? Talvez um apanhador de memórias.

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