04/03/2014

As gotas fazem poças

Em dias chuvosos,
Pensamentos generosos, 
Vem à mim a todo momento, 
Descartando o esquecimento.

Trovões me assustam, 
Como a paixão no seu começo, 
No coração as batidas pulsam, 
E dizem: ''Eu mereço, eu mereço''.

As gotas fazem poças, 
As nuvens se tornam escuras, 
Elas me lembram moças, 
Que antes eram inseguras.

A claridade assustadora, 
De um relâmpago qualquer, 
É igual à paixão enlouquecedora, 
De uma bela mulher.

Rápida e gerando muito som, 
Ilumina o que está ao redor, 
E o que não era justo e bom, 
Era o pior do pior.

Uma dose de moral com ética, 
Mistura meio patética, 
Pra quem já queria se afundar e se perder, 
Cansado de sair pra se esconder.

E nos dias de chuva, 
O tempo é como meu interior, 
Às vezes uso luva, 
Às vezes blindo meu amor.

Desejando ser inconsequente, 
Mas só colhendo problemas, 
A imagem decrescente, 
Se reflete nos poemas.

As respirações lentas, 
Ao ver a chuva passar, 
Com as memórias violentas, 
Deixando o vento as levar.

Voltando pra minha janela pequena, 
Com o vidro embaçado, 
Aquela sensação que me envenena, 
É como estar atrasado.

Com a garoa leve, 
Desejando neve, 
Torcendo pra vê-la cair, 
Nesse devaneio vim a sorrir.

Lembrei da voz e do seu olhar, 
Fechei os olhos de repente, 
Não sei se queria rir ou chorar, 
Mas só queria vê-la novamente.

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Aquele típico poema que se faz em um dia de chuva...

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